Este não é um blog sobre bicicletas, mas sim sobre a utilização destas enquanto meio de transporte.
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Viseu Ciclável (Diário de Viseu, 10 Abril - "Clareza do Pensamento")

O site copenhagenize.com, irmão do famoso “Copenhagen Cycle Chic”, apresenta-se com o seguinte texto:
Há 40 anos, Copenhaga estava tão atulhada de carros como qualquer outra cidade, mas hoje 36% da população chega ao trabalho ou à escola de bicicleta, vinda de toda a área metropolitana. 50% dos copenhaguenses utilizam a bicicleta todos os dias. Para tal, dispõem de mais de 1.000 km de faixas para bicicletas (bike lanes) para as suas deslocações. Copenhaganizar é possível em qualquer parte.

Mas se os benefícios da utilização da bicicleta como meio de transporte são comummente aceites - sejam eles económicos, de saúde, ambientais ou de mobilidade – já as formas de promover a sua utilização nem sempre geram consenso entre os especialistas.

Deverão os gestores e planeadores urbanísticos fornecer faixas ou pistas para bicicletas como forma de estimular a “procura”? E terá a mera disponibilização dessas infraestruturas cicláveis um impacto significativo no número de utilizadores de bicicleta? Ou deverão os decisores aguardar por uma manifestação expressiva da procura dessas infraestruturas cicláveis por parte da população e só então reagir?

O problema, político e de eficiência dos recursos, não é de pequena monta: nenhum munícipe gostará de ver os seus impostos gastos em bike lanes ou vias cicláveis onde não passem bicicletas…

A este respeito foi publicado, em Julho de 2011, na Springer Online[1], um estudo muito interessante sobre a influência das vias cicláveis no número de utilizadores de bicicleta urbanos (bike commuters). O estudo envolveu dados de 90 das 100 maiores cidades norte-americanas.

Os investigadores demonstraram que cidades com maior oferta de vias para bicicletas têm taxas de utilização da bicicleta significativamente maiores. Naturalmente, também outras variáveis como a segurança dos ciclistas, a percentagem de estudantes na população, o preço do combustível ou a concentração urbana influenciam a taxa de bike commuters, mas mesmo quando tais variáveis são tidas em conta no modelo a oferta de vias cicláveis mantém a sua significância.

Mais, concluíram ainda que variáveis como a oferta de transportes públicos ou o clima (dias muito quentes, muito frios ou com muita chuva) não eram estatisticamente significativas na explicação do número de ciclistas urbanos!
Enquanto estas linhas estavam a ser cozinhadas, o Diário de Viseu de 27 de Março noticiou que a nossa Câmara vai criar vias cicláveis entre o centro histórico, o Instituto Politécnico, a Universidade Católica, a Escola Superior de Saúde, o Hospital e o Fontelo.

O presente texto, que então terminava com um repto ao poder local para a criação de tais vias, encerra agora com parabéns, votos de sucesso e de alargamento do projecto (escolas secundárias, circunvalação?)!

Cabe-nos agora a nós, viseenses, mostrar que este é o caminho certo, utilizando a bicicleta nas nossas deslocações na cidade. Porque o maior obstáculo é o preconceito e não o desnível.




[1] R. Buehler e J. Pucher, Cycling to work in 90 large American cities: new evidence on the role of bike paths and lanes, Springer Science+Business, publicado online. O pdf do artigo pode ser obtido em http://policy.rutgers.edu/faculty/pucher/bikepaths.pdf.

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